De vez em quando temos que visitar nossos pais e parentes queridos, não? Principalmente em feriados: nesse caso, o de 15 de Novembro de 2013. Só que nossas famílias ficam a 6h de carro, se o trânsito estiver bom (12h em grandes feriados), e acabamos ficando na dúvida: levar ou não os dois bebês conosco?
Viajar com cachorros não é tarefa fácil e envolve uma série de precauções. Mas depois de pensar e colocar no papel as vantagens e desvantagens (emocionais e financeiras) entre colocá-los em um hotel e levá-los conosco, optamos por testar a paciência deles no banco de trás do carro. Devo dizer que não me desapontei.
Mas vamos por partes: os preparativos começaram algumas semanas antes. Conversamos com a veterinária, que fez um check-up nos dois e nos deu algumas recomendações:
- Não dar água ou comida para eles 4h antes da viagem;
- Dar uma cápsula de Dramin infantil para eles uma hora antes de sair;
- Não dar água ou comida durante a viagem.
Tudo isso porque não sabíamos se eles iriam enjoar ou não. Muitos cães ficam enjoados e vomitam dentro do carro, então o jejum e o Dramin servem para minimizar essa chance.
Além disso, resolvemos levar várias coisas deles, com medo de que eles não se adaptassem bem à casa do meu pai (que tem outros 4 cachorros). Peguei a cama, cobertor, todos os brinquedos, os potes de comida, de água… enfim, peguei tudo! (pra colocar dentro de um golzinho foi uó…).
Jejum antes da viagem – ok
Dei janta para eles normalmente e, antes de dormir, tirei a água e o restinho de ração. Eles dormiram como dois anjos.
Dramin 1h antes da viagem – ok
Para minha alegria, o Thor engoliu a cápsula sem nem ver o que era (no melhor estilo “aspirador de pó furioso”). Em compensação a Frigga…
Deixem-me colocar desta forma: ela é fresca. Eu não encontro palavra melhor. Ela precisa cheirar e provar TUDO o que vai comer, desde pedaços de carne até remédios. Ela pegou a cápsula da minha mão, delicadamente, e mordeu. É claro que o gosto não era bom, então ela cuspiu.
E dá-lhe pegar o que sobrou do Dramin, terminar de abrir a cápsula, pingar no miolo de pão, revestir com mais miolo de pão e rezar para ela comer.
Jejum durante a viagem – parcialmente ok
Estava quente. Muito quente. Não cheguei a dar comida, mas eles tomaram água nas três paradas que fizemos. No final das contas nenhum deles vomitou ou pareceu passar mal, o que me fez ficar aliviada. Além disso eles só ficavam agitados dentro de cidades (aparentemente o Thor detesta o anda-e-para do trânsito). Na estrada eles dormiram a maior parte da ida.
Mas a bagunça tinha só começado…
O encontro com os cães da casa
Na casa do meu pai são quatro cachorros. Um Yorkshire, um Shih Tzu e dois Pastores Alemães, um macho e uma fêmea. E é claro que o líder da matilha é o queridíssimo Fred. Que é o Shih Tzu. Que come a comida dos pastores e fica bravo se eles chegam perto. E que dorme dentro de casa, onde o Thor e a Frigga dormiriam também.
Apesar de saber que os dois pequenos seriam facilmente controlados e que os dois grandes eram os cães mais gentis do mundo, sempre fica aquela apreensão. Seriam apenas duas noites na casa do meu pai, mas eu me vi fazendo inúmeros planos alternativos caso os cães não se dessem bem. Felizmente nenhum deles foi necessário.
Tenho que ser sincera: o Fred e o Luke (o Yorkshire) não morreram de amores pelo Thor e pela Frigga. Mesmo assim mantiveram a distância sem arranjar encrenca, respeitando principalmente o Thor – que era filhote na época, com mais ou menos 5 meses. O único porém foi que, como nenhum dos dois pequeninos era castrado, eles resolveram reafirmar sua supremacia naquela casa à base do xixi: ergueram as patinhas e molharam praticamente todos os móveis.
Já os pastores não poderiam ter sido mais delicados. A fêmea, Greta, ficou o tempo todo lambendo o Thor, e a Frigga até ensaiou uma brincadeira com o Lobo.
O Thor estava bastante assustado e acabou ficando no meu colo ou ao meu lado o tempo todo. Eu tive medo de que os pastores ficassem enciumados, mas eles foram extremamente queridos. Não rosnaram, não latiram, não deram nenhum “chega pra lá”, muito pelo contrário: a Greta não sossegou enquanto não viu que o seu novo amigo não estava se sentindo mais à vontade.
Já a Frigga desatou a correr pelo quintal, explorando todos os cantos dele. Enquanto não estava fazendo isso, ela corria para perto do Lobo, saltitava ao redor dele e, quando ele ia dar atenção, ela saía correndo e chorando. Foi assim durante os três dias – ela não conseguiu vencer o medo para brincar com ele.
A viagem de volta foi ainda mais tranquila. Depois de acostumarem com o carro, eles dormiram, e dormiram, e dormiram… Quando chegamos em casa no final do feriado eles estavam com energia de sobra! Mas nada que uma bolinha e muito carinho não resolvessem.